Cavalgada do Sertão ao Mar: Caminho Novo já foi desbravado, completando 1.500km de história!


A terceira etapa da saga histórica desbravando o Caminho Novo durou 18 dias de junho: os cavaleiros partiram de Porto Estrela/RJ rumo a Ouro Preto no início do mês, percorrendo um trecho de 515 quilômetros concluindo mais este caminho. Agora, a cavalgada Do Sertão ao Mar – Pelos Caminhos da Estrada Real está próxima de chegar ao final!
 
Foto: Casa do Quinto – Ouro Branco/ MG



Por Luciene Gazeta

Em 1669, uma Carta-Régia endereçada a Artur de Sá Menezes, então Governador da Capitania do Rio de Janeiro, autorizava a abertura do novo caminho para facilitar o transporte do ouro e pedras preciosas de Minas Gerais para o Rio de Janeiro, evitando o antigo caminho. Nascia, assim, o Caminho Novo, que se inicia em Porto Estrela e Magé/RJ, construído com objetivo de tornar a viagem a Ouro Preto/MG mais rápida do que o Caminho Velho. O trajeto completo soma 515km e 63% dele é formado por estrada de terra. Magé era passagem obrigatória para quem subia a serra de Petrópolis e para o transporte de cargas.
 
Dia 09/06, a cavalgada passava por Petrópolis, Itaipava, Pedro do Rio e Secretário. Neste trecho destaca-se Petrópolis, que foi capital do Estado durante 9 anos e chamada “cidade imperial” devido sua história com o Brasil, tendo abrigado a primeira estrada ferroviária do país. Entre as construções históricas do local, está a Casa da Princesa Isabel. Em seguida, os cavaleiros andaram 41 quilômetros e passaram por Inconfidência, Queima Sangue e Paraíba do Sul, cidade aonde, em meados de 1681, Garcia Rodrigues Pires, filho do Bandeirante Fernão Dias, vislumbrou e iniciou a abertura do Caminho Novo em 1683.
 
No dia seguinte, 10/06, os cavaleiros deixavam o Estado do Rio de Janeiro para trás e começavam a cavalgada pelas terras de Minas Gerais ao passarem por Simão Pereira e Matias Barbosa, cidade cujos registros históricos, abrigava postos de fiscalização e alfândega interna e onde eram cobrados os tributos das mercadorias pela Coroa Portuguesa.
 
O próximo destino da Cavalgada do Sertão ao Mar foi Juiz de Fora, que dá acesso ao famoso Parque Estadual de Ibitipoca, seguido do município de Ewbank da Câmara que, ao lado da Estação Ferroviária, abriga uma “gruta abençoada”, segundo narrativa dos nativos do município; outra cidade por onde a cavalgada passou foi Santos Dumont, terra natal do pai da aviação Alberto Santos Dumont, cujo berço de nascimento, a fazenda de Cabangu abriga atualmente um museu que traz toda sua história, sendo muito visitado na cidade.
 
Saindo de Juiz de Fora, os cavaleiros partiram rumo a Antônio Carlos; porém, um pouco antes, entre Santos Dumont e Antônio Carlos, os cavalos marcharam por quase 6 horas sem encontrar água corrente pelo caminho. “Quando paramos para dar água para os animais, Hornero da Vassoural tomou água de bica do Chafariz da Serra, sendo necessárias várias viagens d´água numa pequena vasilha plástica improvisada”, recordou José Henrique Meirelles Castejon.
 
Em seguida, na manhã de 14 de junho, saindo rumo a Barbacena, eles enfrentaram um frio de 7 graus. Cavalgaram passando por Barbacena e Ressaquinha e, no Bairro Ressaca, avistaram a restauração da Igreja Nossa Senhora da Glória. “Pelos Caminhos da Estrada Real passamos por muitas igrejas lindas, as vezes suntuosas outra vezes simples, mas todas com sua beleza. Muitas, datam da época de Colônia do Brasil. Interessante notar a importância da religião nestas épocas, representada por todas estas igrejas ao longo dos 4 Caminhos. Notamos que qualquer bairro tem sua igreja”, complementa Zé Henrique.
 
Passando por Conselheiro Lafayete, dia 18 de junho, os cavaleiros enfrentaram mais uma manhã gelada, amanhecendo com 5º. Esta cidade abriga a jazida de manganês do Morro da Mina, considerada na década de 40 a maior do mundo na extração deste minério. Em 20 de junho, a tropa partiu para Ouro Branco – município que possui suntuosas construções setecentistas, como a Matriz da Santo Antônio de Ouro Branco, que apresenta claramente a arquitetura religiosa do século 18 marcada pelas obras de Aleijadinho. Ainda neste município, os cavaleiros visitaram a Casa do Quinto, na Fazenda Carreiras, local onde os portugueses cobravam o imposto - o quinto - quando o ouro "descia" para Paraty.
 
Em seguida, a tropa rumou para Lavras Novas, cidade originária da miscigenação dos quilombos com as milícias do período colonial – retornando a Ouro Preto novamente no dia 21 de junho, e encerrando os últimos 35 quilômetros do Caminho Novo da Estrada Real visitando a Igreja São Francisco de Assis, protetor dos animais!
 
Dia 22 de junho, os cavaleiros e a tropa descansam na Fazenda Recanto da Montanha, aonde recarregam as energias para finalizar os últimos dias da Cavaldada do Sertão ao Mar. De lá, partem rumo ao Caminho do Sabarabuçu, com 160 km de Glaura a Cocais, previsto para ser concluído em apenas 5 dias – trecho final que será abordado no texto 6, narração final desta grande aventura!